Proposta em análise no Senado proíbe descarte de embriões e determina destinação para pesquisas
![]() |
Foto Reprodução |
O projeto que reestrutura o Código Civil, em análise no Senado Federal, cria regras para a reprodução assistida, que ocorre por meio de técnicas médicas para a manipulação de espermatozóides e embriões em laboratório. As informações são da CNN Brasil.
A prática é autorizada por uma resolução do Conselho Federal de Medicina (CFM), mas não existe uma legislação sobre o tema em vigor atualmente.
Segundo a proposta, doadores de gametas devem ser maiores de 18 anos e manifestar, por escrito, a sua vontade livre e inequívoca de doar material genético.
O texto ainda permite o uso de material genético de qualquer pessoa após a sua morte, desde que haja “expressa manifestação, em documento escrito, autorizando o seu uso e indicando a quem deverá ser destinado o gameta e quem o deverá gestar”
A escolha dos doadores caberá ao médico responsável pelo tratamento, e deverá garantir, sempre que possível, que o doador tenha semelhança fenotípica, imunológica e a máxima compatibilidade com os receptores.
A proposta proíbe a utilização de técnicas reprodutivas para:
- fecundação de óvulos com qualquer outra finalidade que não o da procriação humana;
- criação de embriões para investigações de qualquer natureza;
- criação de embriões com finalidade de escolha de sexo, eugenia ou para originação de híbridos;
- intervenção sobre o genoma humano para sua modificação, exceto quando houver
- identificação e tratamento de doenças graves via diagnóstico pré-natal ou pré-implantacional.
Ainda segundo o texto, embriões que forem congelados para uso futuro não poderão ser descartados, e poderão ser destinados a pesquisas ou entregues para outras pessoas que busquem tratamento e precisam de material genético de terceiros.
Vida uterina
O projeto também tangencia o debate sobre a criminalização do aborto no país – defendido por movimentos religiosos e conservadores – e ao reconhecer a vida humana pré-uterina e uterina.
A proposta determina que: “a potencialidade da vida humana pré-uterina e a vida humana pré-uterina e uterina são expressões da dignidade humana e da paternidade e maternidade responsáveis”.
De acordo com a advogada e vice-presidente do Instituto Brasileiro de Direito de Família, Maria Berenice Dias, a proposta pode contribuir para restringir as possibilidades de aborto legal no país.
“Acho que pode ser utilizado para barrar o aborto”, disse à CNN. Ela afirma, no entanto, que o tema envolve uma questão de saúde público porque mesmo proibido o aborto é praticado de forma clandestina e muitas vezes sem segurança, o que pode sobrecarregar o Sistema Único de Saúde (SUS).
Atualmente, a interrupção da gravidez no país é permitida quando há risco para a vida da gestante; em casos de estupro; e em casos de anencefalia do feto.
Nenhum comentário:
Postar um comentário