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| Foto: Tomaz Silva/Agência Brasil |
Quase 15 anos depois do devastador desastre de Fukushima, o Japão deu um passo decisivo nesta segunda-feira (22/12) ao autorizar a retomada das operações da maior usina nuclear do mundo, Kashiwazaki-Kariwa. A decisão veio após uma votação regional crucial, sinalizando o avanço do país em sua estratégia para diminuir a dependência de combustíveis fósseis importados.
Localizado a cerca de 220 quilômetros a noroeste de Tóquio, na província de Niigata, no Japão, o complexo de Kashiwazaki-Kariwa foi um dos 54 reatores desligados em 2011. Naquele ano, um terremoto e um tsunami provocaram o pior acidente nuclear desde Chernobyl, um evento que marcou profundamente a nação e redefiniu sua política energética.
Retomada pela Tepco e a Visão do Governo
Esta será a primeira vez que uma usina nuclear voltará a funcionar sob a gestão da Tokyo Electric Power Co. (Tepco), a mesma empresa responsável pela problemática central de Fukushima Daiichi. O governador de Niigata, Hideyo Hanazumi, que sempre se mostrou favorável à reativação, obteve o apoio dos parlamentares regionais na votação, um movimento que abriu as portas para o reinício das atividades no complexo.
“Este é um marco, mas não é o fim”, garantiu Hanazumi após o resultado da votação, reforçando que a segurança da população local continua sendo a prioridade número um. A medida reflete uma guinada na política energética japonesa, que, desde 2011, reativou 14 dos seus 33 reatores considerados operacionais.
A capacidade total de Kashiwazaki-Kariwa é impressionante: 8,2 gigawatts. Isso significa que, quando estiver operando plenamente, a usina tem potencial para abastecer milhões de residências, contribuindo significativamente para a segurança energética do país e para a meta de reduzir emissões de carbono.
Protestos e a Confiança Pública em Xeque
Apesar da aprovação oficial, a retomada da usina não acontece sem resistência. O debate trouxe à tona divisões claras entre os parlamentares e os moradores da região. Do lado de fora da assembleia, cerca de 300 manifestantes se reuniram para protestar contra a decisão, expressando temores sobre novos riscos nucleares.
Pesquisas recentes revelam que grande parte dos habitantes da província de Niigata ainda demonstra forte desconfiança, tanto nas condições de segurança da usina quanto na capacidade da Tepco de operar a instalação sem incidentes. Essa desconfiança é um legado direto do trauma de Fukushima.
Mesmo diante do ceticismo popular, a Tepco afirma categoricamente seu compromisso em evitar a repetição de um desastre como o de Fukushima. Segundo informações da emissora pública NHK, a empresa já está avaliando a reativação do primeiro dos sete reatores do complexo a partir de janeiro do próximo ano.
A volta de Kashiwazaki-Kariwa marca um novo capítulo na relação do Japão com a energia nuclear, um caminho complexo que busca equilibrar as necessidades energéticas com as lições e os riscos de seu passado recente.
BLOG OXENTE NEWS, 23/12/25

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